Sentir dor abdominal de forma recorrente é um problema bastante comum em crianças, especialmente naquelas que estão em idade escolar, afetando cerca de 10% desse grupo. Na maioria das vezes, essas dores são de origem funcional. Porém, compreender as possíveis causas, bem como identificar sinais que exijam uma investigação mais profunda, é essencial.
Causas Funcionais
Um número significativo dessas dores, em torno de 85%, é classificado como funcional, o que significa que elas não são resultado de alterações estruturais ou bioquímicas detectáveis. Entre essas causas funcionais, destacam-se:
– Síndrome do Intestino Irritável (SII): Essa condição pode causar dor abdominal e é frequentemente acompanhada por alterações nos hábitos intestinais, como diarreia ou constipação.
– Dispepsia Funcional: Está associada a um desconforto ou dor na região superior do abdômen e muitas vezes está ligada à ingestão de alimentos.
– Dor Abdominal Funcional Sem Outra Especificação: Refere-se a episódios recorrentes de dor abdominal que não são claramente identificáveis dentro de outras categorias funcionais.
Causas Orgânicas
Apesar de mais raras, as causas orgânicas não devem ser ignoradas, especialmente se houver sinais de alerta. Algumas dessas condições incluem:
– Doença Celíaca: É uma intolerância ao glúten que pode causar uma variedade de sintomas, como dor abdominal, diarreia e perda de peso.
– Doença Inflamatória Intestinal (DII): Inclui condições como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, que são caracterizadas por uma inflamação crônica no trato gastrointestinal.
– Infecções Gastrointestinais: Infecções causadas por bactérias ou parasitas também podem estar por trás de dores abdominais recorrentes.
– Intolerâncias Alimentares: Exemplos como a intolerância à lactose podem levar a dor abdominal após o consumo de produtos lácteos.
Identificação e Sinais de Alerta
Uma avaliação clínica completa é crucial para distinguir se a dor tem uma causa funcional ou orgânica. Existem certos sinais de alerta que podem indicar uma origem orgânica, como:
– Perda de peso inexplicada
– Febre persistente
– Sangue nas fezes
– Vômitos recorrentes
– Histórico familiar de doenças gastrointestinais relevantes
Se esses sinais não estiverem presentes, é mais provável que a dor seja funcional.
Conclusão
Lidar com a dor abdominal recorrente em crianças é desafiador e exige um exame minucioso. Embora a maioria dos casos tenha origem funcional, estar atento a sinais de alerta é vital para identificar problemas orgânicos subjacentes. Consultas pediátricas regulares e a comunicação eficaz entre médicos, pais e crianças são essenciais para garantir o tratamento adequado e melhorar a qualidade de vida dos pequenos.
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Referências Consultadas
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– Duarte, M. A., & Melo, M. C. B. (2024). Dor abdominal crônica. Sociedade Brasileira de Pediatria. Disponível em: [https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/doencas/dor-abdominal/](https://www.sbp.com.br/especiais/pediatria-para-familias/doencas/dor-abdominal/)
– Pedipedia. (s.d.). Dor abdominal recorrente em idade pediátrica. Pedipedia – Enciclopédia Online. Disponível em: [https://pedipedia.org/pro/artigo-profissional/dor-abdominal-recorrente-em-idade-pediatrica](https://pedipedia.org/pro/artigo-profissional/dor-abdominal-recorrente-em-idade-pediatrica)
– Tratado de Clínica Pediátrica. (s.d.). Dor abdominal funcional. Tratado de Clínica Pediátrica. Disponível em: [https://tratadoclinicapediatrica.pt/i-volume/parte-xvi-gastrenterologia-e-hepatologia/dor-abdominal-funcional/](https://tratadoclinicapediatrica.pt/i-volume/parte-xvi-gastrenterologia-e-hepatologia/dor-abdominal-funcional/)
